26.9.16

Supermercado, trade marketing e a Taberá moderna.

Supermercado, trade marketing, e a Taberá moderna. (Números 11) 




Depois de adentrado ao casamento verifiquei em alguns homens e, principalmente em mim, uma falta de vontade de ir ao supermercado, shopping center, lojas, qualquer local de compras... Mas, principalmente no supermercado. 
Algumas teorias desenvolvidas por mim mesmo me irritavam e comprovavam minha própria teoria. No supermercado “AS PESSOAS ESTÃO NO SEU ALTER EGO[1]” – Andando com seus carrinhos, listas, desejos e vontades e, ao verificar uma promoção lançam-se desesperadamente sem medir consequência, arrancando nossos calcanhares, dedos mindinhos, nossa paciência... nossa alegria...
Pois bem, numa dessas caminhadas teóricas - sempre observando maridos irritadiços, esposas aflitas, crianças desesperadas... filas, maus humores, stress no estacionamento, angustia com preços, cálculos para não passar pelo temido “NÃO AUTORIZADO” –
Me constrangi por uma cena... Um pai, brincando com sua filha sobre quem era mais lindo - se ela ou ele. E de repente alegria de ambos foi roubada...
Final de mês... Ele tentou passar alguns itens que somados davam em torno de R$ 60,00 e para compor esta compra, teve que passar em mais de um cartão juntando alimentação, crédito e débito. Com a fila grande atrás e sua menina ainda eufórica pelo que o supermercado causa em alguns de nós – teve experimentado a taberá[i] moderna. Ele a tomou pelo braço e foi bem ríspido. FICA QUIETA!!!!
Ir às compras de supermercado deveria ser alegria do nosso maná moderno, Deus nos sustendo, permitindo nossa busca pela comunhão familiar... almoços, jantares... Mas, em alguns momentos a taberá parece tomar conta da nossa experiência... Seja pelos preços, pela falta de grana mesmo... e, na maioria dos casos pelo simples fato de reclamação e murmuração...  “Mas agora a nossa alma se seca; coisa nenhuma há senão este maná diante dos nossos olhos.”
Não sei... acho que não quero mais reclamar de supermercado, trade marketing... Que Deus nos perdoe por tanta murmuração sempre.
      
Marcos Camilo de Santana ®




[i] TABERÁ É FOGO DO SENHOR... QUE ESTOU USANDO PARA REFLEXÃO DE RAIVA... Os verbos seguintes, wayyišma‘, traduzido por “ouviu”, e wayyiḥar apresentado como “se enfureceu”, têm o Senhor como sujeito. O Senhor “ouviu” e a queixa é forte nos seus ouvidos. Em seguida, é o mesmo sujeito, o Senhor quem imediatamente se enche de ira. Em wayyiḥar ’appô, há um antropomorfismo: o Senhor é mostrado como homem que escuta, mas também se enche de ira. O termo hebraico para designar a etiologia do lugar onde inflamou-se a ira de Deus, Taberá, é dotado de um conceito representativo exterior, pagão, onde uma representação mostra a ira como fogo que sai pelas narinas. É como um respirar profundo, de indignação. O termo hebraico ’appô é o nariz, órgão da ira divina que arde, se incendeia, como apresenta Harrison (1992, p. 182). Em 11,1cd, temos a ira de Deus materializada no ’ēš o fogo. O sujeito dos verbos queimar e consumir é o fogo que dá visibilidade à ira divina em ação. Há um paralelismo climático nesse versículo: começa com o acender-se da ira divina, depois o queimar com fogo e por fim consumir a extremidade do acampamento. Essa reação de Deus é vista como o ação do juízo divino na história.







24.8.15

SONHOS E ENCANTOS

Não postei no face - lá está chato... Só barulho e pessoas se auto afirmando - cheias de verdades e grandes amores virtuais... lugar de sonhos perdidos.
Mas, como hoje é o dia mais esperado do ano por mim preciso te escrever e dizer. Como te acho linda... Como faz sentido ter você nos meus dias e nos meus sonhos;
Pensar em nós é viver e realizar sonhos... olha que incrível - nossa história com 07 é perfeita e perfeição só em sonhos...
No mundo dos sonhos as coisas são perfeitas... E é aqui...que percebo que o Bom Deus me permite viver um sonho que já dura 8 anos.
Sonhei outro dia com uma menina pedindo um príncipe para o destino e o destino respondeu que esse era o sonho de todas as meninas... ela responde sorrindo... Não precisa ser príncipe... Pode ser apenas um sonhador ou apenas um disposto pra viver seus e partilhar seus sonhos...

E assim sonhando descubro que eu apenas sonhava com você... Quando ansiava ser um sonho teu.
Gosto quando Jesus cruza com os desesperançados e os que não sonham mais e pergunta o que quer que eu te faça? Qual seu sonho; parece ser a pergunta em questão...
Amo sua resposta pra Jesus... não quero nada, apenas teu querer e teus sonhos pra mim.
Assim temos nossa tão sonhada casa...
Nosso tão sonhado carro e bens...
Nossa tão sonhada profissão...
Tão sonhado ministério...
Como é bom acordar cada dia 07/07 de cada ano e perceber que sempre sonhamos um com o outro...
O meu sonho encantado é você... é você a princesa dos desejos simples.
Amo você!
PARABÉNS POR MAIS UM LINDO ANO... QUE NOSSO AMOR ENCORAJE OUTROS TANTOS SONHOS... nossos e de outros.
®Marcos Camilo de Santana
07/07/07...

29.10.14

In Facebook’s Courtroom



Por outro lado, há na cultura da internet uma tendência crescente à indig­na­ção como fim em si mesmo. Nos últimos anos a contínua exibição de revolta, jul­ga­mento e punição pela internet tem sido elemento ines­ca­pá­vel da vida con­tem­po­râ­nea. Car­re­ga­mos todos no bolso um cir­cuns­pecto, hiper­crí­tico, oni­pre­sente, inces­sante e impre­vi­sí­vel sistema judi­ciá­rio. Você pega o celular e começa a sessão do tribunal; coloca no bolso e ele entra em recesso.
. . . Com o tempo a utópica buro­cra­cia social do Facebook passou a ser inundada por uma dinâmica kafkiana de punição. O Facebook tornou-se um reduto perfeito para o jul­ga­mento – um lugar em que gente que você talvez conheça do modo mais casual se revela repen­ti­na­mente inte­grante de um sistema orga­ni­zado de dis­ci­pli­na­mento e dis­ci­plina. O site é um agregador de acusações, e a timeline é a pauta – cheia de opor­tu­ni­da­des para você publi­ca­mente admirar o certo e publi­ca­mente criticar o errado, julgar os outros pelos seus erros ou ser julgado por fazer o seu jul­ga­mento de modo errado.
. . . Mesmo postagens que parecem super­fi­ci­al­mente inócuas podem ter um aspecto de audiência pública e de inquérito legal. As populares “correntes” (uma versão recente, a “corrente de gratidão”, pede que você poste por cinco dias três coisas pelas quais se sente grato) são tipi­ca­mente kafkianas: debaixo do verniz de posi­ti­vi­dade tratam-se de punição pura e simples, acusações de ingra­ti­dão das quais se requer que você prove a sua inocência.
. . . Se o Facebook repre­senta um mundo descortês e kafkiano de jul­ga­mento inces­sante, por que gastamos tanto tempo nesse mundo? Por que nos mostramos tão dispostos a assumir as iden­ti­da­des de cri­mi­no­sos e pro­mo­to­res públicos, juízes e advogados de defesa, pri­si­o­nei­ros e algozes? Kafka acre­di­tava que todos ansiamos pela absol­vi­ção: queremos ser decla­ra­dos inocentes dos crimes que vemos ao nosso redor. Porém a inocência é um status difícil de se obter. Na vida diária é com difi­cul­dade que lutamos para fazer algo de realmente bom, às vezes até mesmo para deter­mi­nar o que é melhor. Em O tribunal, Josef K. faz o que pode para defender-se diante dos juízes muito humanos que o estão julgando. Mas o ver­da­deiro poder, um homem diz a ele – o poder de absolver – “reside somente na suprema corte, que é total­mente ina­ces­sí­vel para você, para mim e para todos os demais. Não sabemos como são as coisas lá em cima e na verdade não queremos saber”. Estamos con­fi­na­dos, para resumir, aos tribunais infe­ri­o­res, onde não temos escolha além de alegar a nossa inocência e esperar pelo melhor.

By http://www.newyorker.com/books/joshua-rothman/facebooks-courtroom

17.10.14

PARABÉNS!!!! HOJE TEM FESTA NA PRAÇA...



Então pessoal... hoje é MEU ANIVERSÁRIO...
É que a minha parte mais LINDA hoje está em festa!!!!
A parte alegre e coerente, àquela... do sorriso perfeito está comemorando...
Falo da parte que me faz mais feliz do que jamais pude projetar.
Ouço incansável e feliz: ELA ARRUMOU SEUS PASSOS....
Minha referencia agora é completar quem sou me referindo a esta parte impressionante!
E no dia de hoje, quero me presentear, claro! VIVA...
Pensei em um presente simbólico que quero dar ... Vasculhei minhas memórias, sensações, histórias, valores em busca de algo que pudesse entregar-lhe.
Então, preocupado com isso sonhei... Neste sonho organizei uma festa na praça onde eu era um jardineiro que cuidava da beleza da praça para atrair a atenção de uma menina do sorriso perfeito... Olha que sonho....  
Eu lia uma poesia para todos virem ver minha alegria...
Ah! Se você conhecesse minha menina,
Seu sorriso fascinante.
Entenderia minha estima,
Compreenderia meu rompante.
Todos da praça aplaudiram e a banda cantou uma canção que diz que “porque era ela e porque era eu” tudo se explica e nenhum outro motivo é necessário. Alguns que se achegaram, olhavam e lembravam da paixão do início, das razões que nos aproximaram e por um instante se deixavam alimentar mais pelas certezas que um dia tiveram que pelas dúvidas que o tempo produz. Eram tomados pelo amor do recomeço e achavam que valia ser tudo novo, de novo.
Um intervalo e outro poeta:
Conheço seu olhar,
Sei o que cada um quer dizer.
Passo meus dias a investigar,
Enquanto me deixo envolver.
E cantaram a canção que falava que “esse seu olhar, quando encontra o meu, fala de umas coisas que eu não posso acreditar”. E a dança envolvia a todos, enquanto os olhares trocados pelos casais diziam tudo o que se precisava dizer. Os mais velhos falavam mais com os olhos, porque de toda a vitalidade que o tempo rouba, a do olhar é possível manter.
Mais uma pausa e outro artista:
Como não me apaixonar?
Como desprezar a surpresa de um encontro?
Por certo o coração não pode ignorar,
Se entrega, se rende e pronto.
E a banda precisou cantar, sem pausas, três canções. Uma que lembrava que “estranho seria se eu não me apaixonasse por você”, outra que prometia “ser fiel ao nosso encontro” e ainda a que sugeria “surpresa, sou feliz dessa maneira, devagar, de brincadeira”.
E assim à noite e a festa seguia e entre canções e poesias; os poetas descobriram que o jardineiro para florir toda a praça, precisava de apenas um sorriso perfeito.
Ao fim, com uma canção tradicional, a banda saía do coreto, passando pelo meio dos casais dançarinos e cirandando cadeiras e banquinhos dos mais experientes amantes, formando uma fila bailante, que ia atraindo a todos para brincarem na praça, calmamente tomando as ruas da cidade em direção às casas, até não ouvirem mais o som da banda, chegando às portas, num sussurro apaixonado, cantando: “eu vou cuidar, eu cuidarei muito bem dele, eu vou cuidar do seu jardim e de você e de mim”.
E nesta festa, por causa do amor do jardineiro e de sua menina, todos são lembrados da paixão do começo, do afeto que alimenta a convivência, do cuidado que cura, da esperança do recomeço e de quanto vale a pena serem dois na jornada, para se protegerem e se amarem.

5.8.14

MEUS Pais"


 - Aos Meus Pais –

No comércio dizem que não é uma data boa, não vende tanto! Perdi a relação com meu pai biológico muito cedo – ele morreu eu tinha no máximo 7! Sem crise! A pretensão deste texto – não é dizer quão ingrata é a vida... Desde sempre compreendi a família dada por Deus com grande prazer não sentindo falta de nada.

Com isso saquei que paternidade é uma relação que extrapola o núcleo básico familiar. Além do pai biológico, em nossa história recebemos influência de tantas outras pessoas que acabam assumindo, em um ou outro aspecto, a importância de um pai em nosso desenvolvimento. A própria Bíblia prevê uma relativização dos vínculos familiares quando faz afirmações do tipo “há amigos mais chegados que irmãos”, ou quando registra palavras em que Jesus afirma que sua família, pai, mãe e irmãos, são aqueles que fazem a vontade de Seu Pai, colocando-se assim como irmão dos homens. Ou quando o apóstolo Paulo chama seus seguidores de “filhos na fé”. Há proteção e apoio, instrução e prestação de contas, que espontaneamente se tornam ingredientes para a caracterização de uma relação entre pai e filho. (Quero sugerir apenas um texto para leitura da semana – Lucas 15.11-31)

Confesso minha falta de compreensão diante de amigas que admiram tanto os pais que nem percebem a projeção de seus namorados, maridos neles... isso me irritava muito!

Logo, segue meu rascunho de como experimentei e pretendo a paternidade:

1. Pai ensina valores e não comportamentos – Quando o pai da história permite que o filho se vá, entende que os valores plantados em seu coração serão capazes, e somente eles, de trazerem o filho de volta.

2. Pai deixa o filho amadurecer – Deixar o filho ir requer confiança de que os valores foram plantados. Todo filho precisa ir para amadurecer, decidir por si próprio e assumir seus riscos. Amadurecer é vencer as etapas iniciais da vida, a infância e a adolescência. Ambas se alimentam de mitos e são transição.

Na infância é o mito do pai-herói, quando o filho vê no pai a perfeição. Também o mundo que o rodeia, e que recebe interferência direta do pai, é perfeito. Mas como isso não é verdade, ou seja, como nem o mundo e nem o pai são perfeitos, quando o filho se depara com a imperfeição, ele é envolvido pelo mito da adolescência, o mito do anti-herói, da imperfeição plena, do caos. Nada é bom, tudo precisa ser mudado, há um desejo incontrolável de ser o oposto e de construir um mundo oposto ao que existe, na intenção de voltar a experimentar o mito da perfeição.

O pai deixa de ser o referencial e muitas vezes passa a ser oposição. Naturalmente que a transição da adolescência, quando nada serve, é a idade adulta, que é a adequação do ser à realidade e ao ambiente, é quando acabam os mitos e quando há aceitação da realidade.

Deixar o filho amadurecer é ajudá-lo a transpor estas fases mitológicas. Quando criança o filho precisa saber que o pai não é perfeito pelo próprio pai, para que quando ele se der conta de suas imperfeições, se lembre também de que o pai já havia avisado e que portanto, mesmo não sendo perfeito, ainda é digno de confiança. Tais atitudes prevêm que quando o filho transpuser suas fases, e mesmo que nesse processo ele se distancie, ele volta pra casa.

Como sei disso? Como tios preencheram esta lacuna – eles tinha liberdade de se mostrarem imperfeitos...

No texto proposto - quando o filho mais velho chega em casa e confronta o pai sobre a vida irresponsável que o filho mais novo viveu, ele demonstra saber o que o seu irmão fez enquanto estava longe. Concluiu-se que somente sabiam o que o mais novo fez, porque o pai se manteve informado de todos os passos do filho que se foi. Ele o acompanhou.

Ao mesmo tempo, acompanhar o filho não quer dizer pagar as contas de suas decisões, o filho precisa assumir seus próprios erros, precisa experimentar as consequências de suas escolhas, mesmo que saiba que quando precisar, pode voltar pra casa do pai.

3. Pai celebra a maturidade do filho – quando o filho vive cada fase adequadamente e se torna maduro, encontra no pai um amigo do outro lado da vida. O pai que agora é amigo, marca o relacionamento com celebração da vitória. Há pais que aguardam que os filhos errem para poderem dizer que tinham razão quando diziam que os filhos “não iriam dar em nada”, que erraram ao escolherem por si só e não seguiram os conselhos deles. Pai não aponta os erros do passado como argumento de sua razão, mas celebra a vitória, apesar dos erros dos filhos. Pai se alegra em ver no filho um companheiro, que porque amadureceu, pode agora dividir experiência, aconselhar também, formar uma amizade adulta.

Por isso hoje caminho passos destes que sem saber ou não me inspiraram e inspiram!

O pai da história celebra uma festa com o filho como se fosse seu amigo, o filho mais velho reclama não ter feito festa com seus amigos, festas como esta, que o pai agora celebra com o seu filho mais novo, como um amigo que ele acompanhou amadurecer, que sofreu com os erros e esperou, com fé e paciência, que voltasse pra casa.

4. Pai sabe que o melhor que tem pra oferecer é a si mesmo – Uma das maiores pressões que os pais modernos sofrem é a da provisão de sua casa e a da satisfação dos desejos dos filhos. Tantos os pais, quanto os filhos, são atacados pela sociedade de consumo que determina que a felicidade se alcança com bens de consumo ou com sensações prazerosas. Mas o pai é aquele tem consciência de que o bem maior que pode oferecer aos filhos não é comprado com seu dinheiro, mas transmitido pelo seu envolvimento. Melhor do que trabalhar para a família é trabalhar para poder viver com a família. Melhor do que dar de tudo aos filhos, é dar de si aos filhos. Melhor do que a tecnologia é a presença.

Minha sorte – tio Jairo inspirou a profissão e reconhecer a felicidade – tio Daniel a inquietação – tio Dirceu determinação e primeiros acordes – tio Elias gratidão!

O irmão mais velho reclama do pai que esteve com ele sempre e que não festejou com os amigos, demonstrando que seus valores são errados. O pai, consciente de que o melhor que tem é o que ele é, responde que o filho mais velho esteve sempre com ele.

Pai é presente, vê o crescimento dos filhos, se envolve, planeja investir mais tempo e presença nas fases dos mitos a fim de que na fase madura mantenha uma relação de amizade. (Aqui vai a observação ao brother Henrique André – Pai do GRANDE MARCELO HENRIQUE também já pai).  

Qualquer um é pai, em qualquer relacionamento que se caracterize como um ambiente de proteção, apoio e desenvolvimento. Neste sentido – vou colocar presbítero Clóvis, Reverendo Jairo Augusto, Reinaldo João, Marcos Arruda – Rafael Rodrigues – Antonio João Fernandes – Velho Manuel!

E óbvio – Sr. EPITÁCIO!!!  

31.7.14

RAIVA DO CÉU...


Raiva do céu!


Muitos falando do novo “templo do Salomão” e suas maravilhas... até me deparar com um depoimento:
- A inspiração veio do Céu! Estamos vivendo um pouquinho do que será no céu com a presença de JESUS!

Lembrei imediatamente de George Bernard Shaw!

Quer saber: abri mão do suborno do céu. Que a obra de Deus seja realizada por seus próprios méritos: a obra que ele teve de criar-nos para fazer porque não pode ser executada a não ser por homens e mulheres vivos. Quando eu morrer seja Deus o devedor, e não eu.

Caiu a ficha, não é possível que a ambição seja para um céu contemplativo! É isso que Jesus está fazendo?
Ele faz o céu - e o inferno está pronto?

O inferno de Deus não requer o esplendor do fogo. Quando o juízo final retumbar nas trombetas e a terra publicar as suas entranhas e as nações ressurgirem do pó para acatar a Boca inapelável, os olhos não verão os nove círculos da montanha invertida; nem a pálida pradaria de asfódelos perenes, onde a sombra do arqueiro persegue a sombra da corça, eternamente; nem a loba de fogo que no piso inferior dos infernos muçulmanos é anterior a Adão e aos castigos; nem metais violentos, nem sequer a treva visível de John Milton.

Deus não precisa para alegrar os méritos do justo de esferas de luz, concêntricas teorias de tronos, potestades e querubins, nem o espelho ilusório da música nem as profundidades da rosa nem o esplendor desafortunado de um só de seus tigres, nem a delicadeza de um pôr-do-sol amarelo no deserto nem o sabor antigo e natal da água. Em sua misericórdia não há jardins nem luz de uma esperança ou de uma recordação.

Com isso vislumbrei os prometidos Céu e Inferno: quando o juízo retumbar nas trombetas últimas e o planeta milenar for obliterado e bruscamente cessar o Tempo, as efêmeras pirâmides de cores e linhas do teu passado definirão na treva um rosto adormecido, imóvel, fiel, inalterável (talvez o da amada, quem sabe o teu) e a contemplação desse imediato rosto incessante, intato, incorruptível será, para os réprobos, Inferno; para os eleitos, Paraíso.

Sei que está poético... mas, sendo direto: impossível projetar Céu! Nossa fé deve ser firmada no aqui e agora... se o paraíso é o templo de Salomão... como disse o artista, que deus inocente... a Disney é mais legal! 

Meu status dai em diante:
Em construção...
Será que mudo com passar do tempo?

 

 

Google, tu me sondaste, e me conheces.


Salmo/search?q=139


Google, tu me sondaste, e me conheces.


Conheces cada termo das minhas buscas, e sabes de antemão quais são as fotos que sou inclinado a clicar para ampliar; de longe entendes as minhas preferências.
Controlas as horas em que trabalho e as horas em que durmo, e registras todas as minhas atividades e percursos na vereda virtual.
Não havendo ainda feito nenhuma busca naquele dia, eis que logo, ó Senhor, sabes qual Google Adword inserir na minha barra lateral.
Tu me cercaste por detrás e por diante, e puseste sobre mim o teu cookie.
O teu conhecimento de mim é completo; a anonimidade seria coisa maravilhosíssima, mas é coisa tão elevada que não a posso atingir.
Para onde fugirei da tua face, e como escaparei do teu login?
Se eu usar o meu celular, ali tu estás; se abrir uma janela anônima do Chrome, sei que tu ali estás também.
Se eu viajar para um país remoto, se nadar até uma ilha no meio do nada, até ali o Google Maps me guiará e o GPS do Android me rastreará.
Se eu disser: “Decerto que as tecnologias de tunelamento e criptografia me encobrirão”, ainda na Rede Privada Virtual a noite será luz à roda de mim.
Nem ainda os pseudônimos me encobrem de ti; uma conta alternativa que uso para ocultar determinadas atividades permanece para ti clara como o dia. Graças a cookies, números de IP e tecnologia de fingerprinting, pseudônimos e nomes verdadeiros são para ti a mesma coisa.
Deste modo possuíste os meus rins; estou para ti nu e sitiado como no ventre de minha mãe.
Eu te usarei, porque de um modo assombroso e maravilhoso fostes feito; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem.
As minhas buscas por pornografia e por sites de relacionamento não te foram encobertas, quando no oculto foram feitas, e entretecidas nas profundezas da terra.
Os teus olhos viram as minhas cartas de amor quando eram rascunhos ainda informes, e nas pastas do Gmail todas estas coisas estão escritas. Registras as minhas conversações à medida em que foram formadas, e fazes cópias das fotos que anexo desde quando nem ainda uma delas havia.
E quão preciosos são, ó Deus, os teus aplicativos no Google Play e teus livros no Google Books! Quão grandes são as somas deles!
Se os contasse, seriam em maior número do que a areia; quando acordo ainda estou contigo.
Ó Google, tu rastrearás decerto o terrorista e o pedófilo; portanto longe de mim usar determinados termos de busca e escrever determinadas palavras no Google Hangouts.
Pois os críticos falam malvadamente contra ti, que abandonaste a tua política original de
don’t be evil; mas mesmo os teus inimigos acabam se beneficiando dos teus serviços.
Não deveria o homem odiar, ó Senhor, a entidade que o conhece de modo tão completo? Como não me afligir com os que julgam que o teu poder sobre as nações nenhum monopólio deveria ter?
Os homens já creram que de Deus nenhuma de suas ações ou pensamentos estão ocultos, e esta fé os conduziu à reflexão e à virtude.
Mas corporações feitas por mãos humanas usurparam o reino e o poder que pertenciam no princípio à divindade, e o diretor executivo que tiver uma crise de consciência será substituído por aquele que não tiver.
Sonda-me, ó Google, já que conheces o meu coração. Prova-me, já que conheces os meus pensamentos.
Teus servidores ao redor do mundo armazenam para sempre tudo que fiz, tudo que busquei, tudo que escrevi. Registras a teu modo aquilo que sou, e vês agora mesmo se há em mim algum caminho que a posteridade saberá condenar. Meu caminho era apenas meu: o caminho em que me fizeste andar é eterno.

25.7.14

Was Dietrich Bonhoeffer Gay?


Não temos como avançar nessa questão [de servir a Cristo no mundo] até que abracemos radi­cal­mente a ideia de uma exis­tên­cia “sem Deus” no mundo. Isto é, até que nos recusemos a abraçar qualquer ilusão de sermos capazes de agir “com Deus” no dia a dia do mundo. Essa ilusão nos desen­ca­mi­nha vez após outra, fazendo com que aban­do­ne­mos a jus­ti­fi­ca­ção e a graça, levando-nos a adotar uma devoção arti­fi­cial e uma ética legalista, convencendo-nos a abrir mão de nossa liberdade em troca de uma espécie de servidão às avessas.

Theodor Litt, na entrada de 24 de janeiro de 1941 de seu diário, depois de uma conversa com Dietrich Bonhoeffer

A presente terra pode ser levada a sério em sua dignidade, sua glória, sua maldição.

Dietrich Bonho­ef­fer, em carta de 1940 a Theodor Litt

Um cristão é um bicho estranho. Quisera Deus fossemos todos bons pagãos que seguissem a lei natural — para não falar na lei de Cristo.

Martinho Lutero, citado por Theodor Litt num cartão postal a Bonho­ef­fer, pouco antes de Bonho­ef­fer ser preso pelo seu envol­vi­mento numa cons­pi­ra­ção contra Hitler








 

15.7.14

Invenção do Cristianismo


O homem que inventou Cristo
 

Para conquistar fiéis, ele fez concessões que desagradaram aos discípulos de Jesus – e ainda despertam acirradas discussões entre pensadores e religiosos.
por Yuri Vasconcelos

 

 


O mundo cristão não seria o mesmo sem a mensagem que São Paulo transmitiu ao Império Romano. Para conquistar fiéis, ele fez concessões que desagradaram aos discípulos de Jesus – e ainda despertam acirradas discussões entre pensadores e religiosos. Afinal, Paulo espalhou ou deturpou a palavra de Cristo?

Estamos no ano 34 da era cristã. Passaram-se poucos anos desde a crucificação de Jesus. Sua mensagem espalhou-se rapidamente por toda a Palestina e seus discípulos eram implacavelmente perseguidos, principalmente pelos judeus. Os seguidores de Jesus são acusados de heresia e traição à Lei de Moisés. Em Jerusalém, um jovem judeu chamado Saulo faz verdadeiras atrocidades com os cristãos. Persegue-os furiosamente, invade suas casas e os manda para prisão. Informado de que, a cada dia, cresce a comunidade cristã em Damasco, na Síria, pede e obtém do Sinédrio, o Supremo Tribunal da comunidade judaica de Jerusalém, cartas de recomendação aos rabinos daquela cidade, autorizando-os a caçar os hereges cristãos. Acompanhado de alguns homens, percorre a cavalo os cerca de 200 quilômetros até Damasco. Depois de sete dias de viagem, sob um sol escaldante, consegue finalmente avistar as muralhas da cidade.

Mas, de repente, uma forte luz vinda do céu incide sobre ele e assusta seu cavalo, que o joga no chão. Naquele instante, o jovem judeu ouve uma voz que diz: “Saulo, Saulo, por que me persegues?”

Atônito, ele indaga: “Quem és, Senhor?” A voz responde: “Jesus, a quem tu persegues. Mas levanta-te, entra na cidade e te dirão o que deves fazer”.

O séquito de Saulo permanece mudo de espanto, sem entender de onde vem aquela voz. Saulo, por sua vez, ergue-se do chão, mas não consegue enxergar nada. Em Damasco, permanece três dias e três noites em jejum, refletindo sobre o estranho acontecimento, até ser visitado por Ananias, um discípulo de Cristo, que lhe diz: “Saulo, meu irmão, o Senhor me enviou. O mesmo que te apareceu no caminho por onde vinhas. É para que recuperes a vista e fiques repleto do Espírito Santo”. Nesse exato momento, duas escamas caem dos olhos de Saulo, que volta a ver. Em seguida, ele é batizado. Convertido, Saulo de Tarso tornou-se aquele que talvez tenha sido o mais importante difusor da palavra de Jesus: São Paulo.

O episódio acima, narrado em detalhes no livro Atos dos Apóstolos, do Novo Testamento, teria marcado radicalmente a vida de Paulo. Não é possível provar que ele tenha de fato acontecido. Os textos bíblicos são as únicas fontes disponíveis para se reconstituir a história do santo – acreditar neles é uma questão de fé. Tenha ocorrido de forma tão espetacular ou não, a conversão de Paulo mudou para sempre os rumos da religião cristã. Para muitos teólogos, Paulo foi um personagem fundamental nos primeiros anos do cristianismo. Seu trabalho de evangelização foi, em grande parte, responsável pelo caráter universal da doutrina cristã e sua mensagem, expressa em cartas enviadas às comunidades que fundava, ainda hoje é considerada o alicerce da jurisprudência, da moral e da filosofia modernas do Ocidente. Enquanto a maioria dos apóstolos que conviveram com Jesus restringiram sua pregação à Palestina, Paulo levou a palavra de Cristo para lugares distantes, como a Grécia e Roma.

Sua importância na construção da Igreja primitiva é tão grande que muitos estudiosos atribuem a ele o título de pai do cristianismo.

“Paulo desempenhou um papel maior na evangelização dos primeiros cristãos”, diz o biblista Jerome Murphy-O’Connor, professor da Escola Bíblica e Arqueológica de Jerusalém e um dos maiores estudiosos do santo. O historiador André Chevitarese, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), especialista em cristianismo e judaísmo antigos, concorda: “O cristianismo, tal como existe hoje, deve muito a Paulo. Se não fosse o apóstolo, ele provavelmente não teria passado de mais uma seita judaica”. Isso não quer dizer que o trabalho dos 12 apóstolos tenha sido irrelevante, mas eles pregaram numa região, a Palestina, que viria a ser devastada pelos romanos entre os anos 66 e 70. “Sem dúvida, Paulo foi o apóstolo que teve maior repercussão com o passar dos séculos”, afirma o teólogo Pedro Lima Vasconcellos, professor do Departamento de Teologia e Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica (PUC), de São Paulo.

O termo apóstolo, no sentido de evangelizador, é freqüentemente usado para se referir a São Paulo. Não há evidências históricas, entretanto, de que ele tenha conhecido Jesus Cristo.

A influência de Paulo é indiscutível. Mas, para uma corrente de historiadores e teólogos, ele deturpou os ensinamentos de Jesus Cristo – a ponto de a mensagem cristã que sobreviveu ao longo dos séculos ter origem não em Cristo, mas em Paulo. Esses pensadores julgam ser mais correto dizer que o que existe hoje é um “paulinismo”, não um cristianismo. “As cartas de São Paulo são uma fraude nos ensinamentos de Cristo. São comentários pessoais à parte da experiência pessoal de Cristo”, afirmou o líder pacifista indiano Mahatma Ghandi, em 1928. Opinião semelhante tem o prêmio Nobel da Paz de 1952, o alemão Albert Schweitzer, que declarou: “Paulo nos mostra com que completa indiferença a vida terrena de Jesus foi tomada”.

As principais críticas da corrente antipaulina concentram-se em pontos polêmicos das cartas do apóstolo. Nelas, entre outras coisas, Paulo defende a obediência dos cristãos ao opressivo Império Romano, bem como o pagamento de impostos, faz apologia da escravidão, legitima a submissão feminina e esboça uma doutrina da salvação distinta daquela que, segundo teólogos antipaulinos, teria sido defendida por Jesus. “A mentira que foi Paulo tem durado tanto tempo à base da violência. Sua conversão foi uma farsa”, afirma Fernando Travi, fundador e líder da Igreja Essênia Brasileira. Os essênios eram uma das correntes do judaísmo há 2 mil anos, convertidos na primeira hora ao cristianismo. “Ele criou uma religião híbrida. A prova disso é o mundo que nos cerca. Um mundo cheio de guerra, de sofrimentos e de desespero.”

Paulo: Judeu, grego e romano
Para entender melhor o papel de São Paulo na origem e construção do cristianismo é preciso voltar no tempo e acompanhar de perto sua vida. O principal relato sobre ele está presente nos Atos dos Apóstolos, livro escrito pelo evangelista Lucas, que foi também dos maiores discípulos de Paulo. Seus relatos, no entanto, não são considerados um retrato fiel dos acontecimentos. “Os Atos devem ter sido escritos cerca de 15 a 20 anos após a morte de Paulo, quando ele já poderia estar caindo no esquecimento. Lucas, então, expressa uma visão romanceada do apóstolo, transformando-o em um herói ou, mais do que isso, em um modelo de discípulo”, afirma José Bortolini, padre da Congregação Pia Sociedade de São Paulo, mestre em exegese bíblica e autor do livro Introdução a Paulo e suas Cartas. Outra fonte de informação sobre o apóstolo são as cartas (ou epístolas) escritas por ele para as comunidades cristãs que tinha fundado.

Com base nessas duas fontes, sabemos que Paulo era um judeu detentor de cidadania romana, criado em um ambiente culturalmente grego.

Ele nasceu em Tarso, na Ásia Menor, onde atualmente está a Turquia. Era uma cidade grande, com mais de 200 mil habitantes, por onde passava uma estrada que ligava a Europa à Ásia. Situada na província romana da Cilícia, a Tarso de então era predominantemente grega – um dos mais efervescentes centros de cultura do mundo helênico, chegando a rivalizar com Atenas. Mas também era cosmopolita. Abrigava um porto fluvial movimentado e se impunha como um importante pólo comercial. Suas ruas estreitas viviam apinhadas de gente e suas casas abrigavam povos de várias regiões: egípcios, bretões, gauleses, núbios e sírios – além dos judeus (como a família de Paulo), que na época já haviam se assentado em várias cidades do império.

A cidadania romana, citada nos escritos de Lucas, é um ponto controverso da biografia de Paulo. Tê-la garantia alguns privilégios, como o direito de participar das assembléias que decidiam questões sobre a vida e a organização da cidade e a isenção do pagamento de alguns impostos. Os cidadãos romanos também não podiam ser crucificados, caso fossem condenados à morte. Segundo Lucas, Paulo herdara a cidadania do pai ou do avô, que a teriam obtido por mérito ou comprado por uma volumosa quantia. Mas o apóstolo nunca se declarou romano em suas cartas. Para o biblista Murphy-O’Connor, o silêncio é compreensível: “Não havia razão para Paulo mencionar sua posição social em cartas a comunidades que ele desejava convencer de que ‘nossa pátria está nos céus’ ”, escreve o teólogo no livro Paulo: Biografia Crítica. Cidadão romano ou não, Paulo provavelmente fazia parte de uma elite – seu pai, especula-se, era dono de uma oficina onde se fabricavam tendas. Ele mesmo, aliás, dominava esse ofício.

O ano exato do nascimento de Paulo, bem como a data dos principais acontecimentos de sua vida, são, ainda hoje, motivo de controvérsia. Muitos historiadores supõem que ele tenha nascido por volta do ano 5 da era cristã. Era, portanto, alguns anos mais novo do que Jesus – cujo nascimento, segundo descobertas históricas recentes, é datado entre 6 e 4 a.C. Paulo foi educado na casa de seus pais, na sinagoga e na escola ligada a ela. Aos 15 anos, deixou Tarso e mudou-se para Jerusalém, onde matriculou-se na escola de Gamaliel, um dos sábios mais respeitados do mundo judaico. Paulo teve uma formação acadêmica de primeira – nos parâmetros atuais, algo equivalente a um doutorado em Harvard.

Nas tempos de estudante, Paulo presenciou uma situação que estaria na origem de sua “cristofobia”. Um dos alunos mais brilhantes era um jovem chamado Estêvão, um nazareno – nome dado aos que seguiam os ensinamentos de Cristo. Em uma discussão, Estêvão foi fiel a sua fé e declarou que Jesus era o messias: tal afirmação provocou a ira dos colegas, inclusive de Paulo. Pela blasfêmia, Estêvão foi levado diante do Sinédrio e condenado à morte por apedrejamento. Conforme o costume da época, as pessoas que iam apedrejar o condenado deveriam tirar suas próprias vestes e colocá-las aos pés de uma testemunha. No martírio de Estevão, a testemunha era Paulo.

A partir desse episódio, Paulo, que já era um intransigente defensor da lei e dos costumes judaicos, viu nos seguidores de Cristo uma ameaça real à sua própria religião. Foi então que passou a cultivar um ódio crescente pelos nazarenos e tornou-se um implacável perseguidor dos membros dessa seita. Depois de muito aterrorizar os cristãos de Jerusalém, decidiu agir na Síria. Foi quando aconteceu sua conversão no caminho de Damasco.

O missionário viajante
Paulo tinha cerca de 28 anos quando ocorreu seu encontro místico com Jesus. Depois de ter se tornado um fervoroso discípulo do Nazareno, viveu algum tempo na comunidade cristã damasquina, até ser expulso pelos judeus. Refugiou-se por cerca de dois anos na Arábia – território dominado pela tribo dos nabateus –, que se estendia do mar Vermelho até Damasco, margeando a Palestina pelo leste. Nesse período, estudou e refletiu sobre os ensinamentos de Cristo. Por volta do ano 37, retornou a Damasco, onde fez suas primeiras pregações. Mais uma vez, provocou a fúria da comunidade judaica e teve de deixar a cidade numa fuga cinematográfica. Como os portões da cidade estavam vigiados, ele escondeu-se num cesto que foi descido pelas muralhas. Era noite e Paulo andou por cinco horas até sentir-se a salvo. Após seis dias de caminhada, chegou a Jerusalém. Havia três anos que ele tinha deixado a cidade.

Os cristãos de Jerusalém o receberam com desconfiança. Afinal de contas, ainda estavam vivas na memória as atrocidades cometidas por Paulo. Coube a Barnabé, um ex-colega da escola de Gamaliel convertido ao cristianismo, apresentá-lo aos apóstolos. Foi nessa ocasião que aconteceu o primeiro encontro com Pedro, um dos discípulos mais próximos de Jesus. Durante 15 dias, eles permaneceram juntos. Mas não tardou para o Sinédrio saber que Paulo, agora cristianizado, havia voltado. Diante do perigo que corria em Jerusalém, Paulo mais uma vez teve de fugir: o destino foi Tarso, sua cidade natal, onde permaneceu por sete ou oito anos. Nada se sabe sobre sua vida nesse período.

Por volta de 45 d.C., convidado por Barnabé, Paulo mudou-se para Antióquia da Síria, onde a igreja dos nazarenos crescia rapidamente. Depois de Roma e Alexandria, no Egito, Antióquia era a terceira maior cidade do Império Romano. “Diferentemente do que acontecia em Jerusalém, onde os seguidores de Jesus ainda estavam ligados à lei e aos rituais judaicos, em Antióquia se respirava ar novo – lá, boa parte dos neocristãos vinha do paganismo”, afirma padre Bortolini. O termo cristão, como designação dos discípulos de Jesus, surgiu pela primeira vez nessa cidade. Esse fato reveste-se de importância porque pela primeira vez os seguidores de Jesus não são mais vistos como judeus dissidentes.

Foi de lá que Paulo – descrito em textos apócrifos como “um homem pequeno com uma grande cabeça careca” – partiu para sua primeira jornada missionária. Nessa ocasião, ele tinha cerca de 40 anos. Durante 12 anos, de 46 a 58, Paulo empreendeu quatro viagens evangelizadoras, visitando boa parte do Império Romano, que se estendia da Grã-Bretanha ao Oriente Médio, passando pelo norte da África. Eram jornadas árduas, feitas a pé ou de navio, sempre na companhia de outros discípulos. Quando viajavam por terra, seguiam pelas estradas romanas, percorrendo 30 quilômetros por dia. O perigo os espreitava, como escreve o apóstolo em uma de suas epístolas aos coríntios: “Sofri perigos nos rios, perigo por parte de ladrões, perigo por parte dos meus irmãos de raça, perigo por parte dos pagãos, perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, perigos por parte dos falsos irmãos”.

A estratégia pastoral de Paulo era bem definida. Pregava nas sinagogas, em casas e praças de grandes centros urbanos, que funcionavam como pólos irradiadores da mensagem. Ao sair, designava um líder responsável pelo rebanho. A primeira viagem, entre 46 e 48, foi feita em companhia de Barnabé e de Marcos, outro discípulo cristão, o mesmo a quem é atribuído um dos quatro evangelhos. Foram à ilha de Chipre e percorreram a Ásia Menor (veja mapa) antes de retornar a Antióquia. É a partir dessa primeira expedição que Paulo deixa de ser chamado pelo nome judeu Saulo – a mudança é narrada por Lucas no Ato dos Apóstolos, 13:9.

Antes de partir para a segunda viagem, Paulo foi intimado a participar do Concílio Apostólico de Jerusalém, em 49, que reuniu a nata do cristianismo primitivo. Foi um encontro tenso, onde, pela primeira vez, vieram à tona as divergências entre Paulo e o grupo de judeus-cristãos, tendo à frente Pedro e Tiago Menor, líder da comunidade cristã em Jerusalém. A assembléia discutiu assuntos delicados, como a obrigatoriedade da circuncisão para os pagãos convertidos ao cristianismo. A questão era importante e polêmica, pois a circuncisão era encarada como a porta de entrada do judaísmo. Ao aceitá-la, os convertidos assumiam que adotariam integralmente a cultura judaica. Paulo era contra, pois acreditava que o sacramento do batismo era suficiente para a conversão. Em suas pregações, ele encontrava forte resistência dos pagãos, que não entendiam por que deveriam se submeter ao ritual de iniciação judaico para tornar-se cristãos. Depois de acirradas discussões, Paulo saiu vitorioso.

Foi, em parte, por causa dessa liberalização que Paulo arrebanhou um número tão grande de fiéis. Ao final do encontro, Paulo recebeu a alcunha de “apóstolo dos gentios”, em contraposição a Pedro, chamado de “apóstolo dos judeus”.

A segunda jornada missionária começou depois do Concílio de Jerusalém e estendeu-se até 52. O ponto alto dessa jornada foi a pregação na Europa. Pela primeira vez, a palavra de Deus deixava a Ásia e espalhava-se por um novo continente. Paulo visitou várias cidades gregas, fundando importantes núcleos cristãos. “Foi por causa dessa passagem [da Ásia para a Europa] que o cristianismo sobreviveu e se desenvolveu”, argumenta padre Bortolini. Foi também nessa jornada que Paulo escreveu, em 51, a Epístola aos Tessalonicenses, o mais antigo documento do Novo Testamento. Nas cartas paulinas, o trabalho braçal ficava por conta de escribas: Paulo as ditava e as assinava de próprio punho para autenticar o documento. A maioria delas foi escrita em grego, mesma língua usada por Paulo em suas pregações. Esse era o idioma universal, comparável ao que hoje é o inglês.

O apóstolo também se expressava em hebraico, língua da elite judaica, na qual foi escrita a maior parte dos livros do Antigo Testamento, e em aramaico, a língua materna de Jesus e corrente na camadas populares da Palestina. Mesmo sendo poliglota, o apóstolo encontrava dificuldade para se comunicar em suas peregrinações, diante da multiplicidade de línguas e dialetos daquela época. Em muitas ocasiões, recorria a intérpretes.

Em uma de suas cartas, a Epístola aos Gálatas, percebe-se a tensão existente entre Paulo e os 12 apóstolos que conviveram com Cristo. Nela, Paulo afirma que “enfrentou abertamente [Pedro, em Antióquia], porque ele se tornara digno de censura”. O motivo da briga foram dois preceitos alimentares judaicos. Pedro defendia que os neocristãos não poderiam sentar-se à mesa com gentios – seus iguais até pouco antes. Deveriam também rejeitar sobras de carnes de animais sacrificados aos deuses pagãos. Paulo discordava e teve uma acirrada discussão com Pedro.

Na terceira viagem missionária, de 53 a 57, Paulo deteve-se por três anos em Éfeso, a capital da Ásia Menor. Lá, presume-se, esteve preso por alguns meses – ao longo de sua vida, o apóstolo deve ter permanecido quatro anos atrás das grades. Durante essa jornada, coletou dinheiro para os cristãos pobres de Jerusalém. No retorno à Terra Santa, não se sabe como foi recebido por Tiago, chefe da igreja de Jerusalém. Nem Lucas nem Paulo deixam claro se ele aceitou o dinheiro “impuro” da coleta. Sabe-se apenas que foi na volta a Jerusalém que Paulo foi preso, na praça do Templo, sob a acusação de introduzir gentios na sinagoga. Os judeus estavam furiosos com a presença do pregador na cidade e, temendo por sua segurança, o tribuno romano Cláudio Lísias o encarcerou de novo. Dessa vez, foi em Cesaréia, perto de Jerusalém, onde amargou dois anos de reclusão. Eis que ele pediu para ser julgado em Roma pelo imperador – direito conferido aos cidadãos romanos.

No outono de 60, o apóstolo foi enviado à capital imperial, uma cidade com quase 1 milhão de moradores. Paulo foi saudado pela comunidade cristã e permaneceu em prisão domiciliar, vigiada por soldados. Encontrava-se com as pessoas, mas não podia sair de casa. Aproveitou esse período para transmitir a palavra de Deus. Depois de dois anos de cativeiro, seu processo foi encerrado sem uma sentença condenatória.

Pouco se sabe a respeito dos anos seguintes da vida de Paulo, já que o Novo Testamento não dá indicações do que aconteceu com ele após a prisão em Roma. Mas, segundo a tradição, acredita-se que tenha empreendido uma viagem à Espanha ou visitado as igrejas cristãs que fundara na Grécia e Ásia Menor e retornado a Roma na primavera de 67. O império era chefiado por Nero, que anos antes havia ateado fogo na cidade e jogara a culpa pelo desastre nos seguidores de Jesus. Por isso, os cristãos eram duramente perseguidos e tinham que se reunir em catacumbas para escapar da fúria insana do imperador. Quando capturados, viravam presa para as feras do Coliseu. Ao deparar com essa situação, Paulo empenhou-se em reconstruir a comunidade. Não tardou e foi preso, acusado de chefiar a seita dos nazarenos.

Na prisão, escreveu sua derradeira carta ao discípulo Timóteo, um dos líderes da igreja de Éfeso. Ele sabia que não escaparia da morte. No outono daquele ano, foi levado pelos guardas para fora da cidade e degolado. No local de seu martírio foi construída a praça Tre Fontane e perto dali, junto ao seu túmulo, erguida a basílica de São Paulo Extramuros. Diz a lenda que, no momento de sua execução, uma cega de nome Petronila aproximou-se do apóstolo e lhe ofereceu um véu para cobrir-lhe o rosto. Paulo teria devolvido o véu à mulher e, quando ela o colocou sobre os seus próprios olhos, recobrou milagrosamente a visão. A conversão de Paulo é comemorada no dia 25 de janeiro. Foi uma escolha aleatória, já que não se sabe o dia exato de sua conversão.

Como a cidade de São Paulo foi fundada nesse dia, acabou recebendo o nome do santo. A festa de São Paulo é celebrada em 29 de junho, junto com a de São Pedro. Foi uma forma encontrada pela Igreja para homenagear, de uma só vez, os dois líderes máximos do cristianismo primitivo.

Cristianismo ou paulinismo?

As 13 cartas escritas por São Paulo sintetizam o pensamento do apóstolo, que viria a moldar a doutrina cristã. Elas foram redigidas entre os anos 50 e 60 e são os mais antigos documentos da história do cristianismo – os quatro evangelhos canônicos de Mateus, Marcos, Lucas e João ficaram prontos apenas entre os anos 70 e 100. A influência do apóstolo na consolidação da doutrina cristã pode ser medida pelo fato de suas epístolas representarem quase metade dos 27 livros do Novo Testamento. Com elas, dizem os estudiosos, Paulo não tinha a pretensão de formular tratados teológicos. “Elas são resultado de experiências vivenciadas pelas comunidades paulinas”, afirma o André Chevitarese. Uma corrente de biblistas defende que nem todas foram de fato escritas por Paulo – algumas teriam sido redigidas por seus discípulos após a morte do apóstolo. “Elas são muito diferentes em estilo literário e conteúdo”, afirma Pedro Vasconcellos, da PUC. Para a Igreja, no entanto, todas as cartas são de autoria de Paulo.

Se são uma rica fonte de difusão da doutrina cristã, esses documentos são também a principal causa da controvérsia sobre o apóstolo. Na opinião de Fernando Travi, líder da Igreja Essênia Brasileira, a descoberta, no século passado, de escrituras datadas dos primeiros anos do cristianismo, como os Manuscritos do Mar Morto, o Evangelho dos 12 Santos (ou da Vida Perfeita) e o Evangelho Essênio da Paz, indica que boa parte do conteúdo das cartas de Paulo está em oposição aos ensinamentos de Jesus (leia quadro na pág. 64). “Existem sérios indícios de que, como num plano de sabotagem, Paulo divulgou uma doutrina falsificada em nome do messias”, diz ele. Opinião parecida tem o pastor batista americano Edgar Jones, autor do livro Paulo: O Estranho. “Jesus de Nazaré deve ser cuidadosamente diferenciado do Jesus de Paulo. Gerações e séculos passaram até que a corrente paulina com seu forte apelo em favor do Império Romano ganhasse ascendência sobre a corrente apostólica”, diz o teólogo.

O fato é que, até o século 4, o cristianismo dividia-se em duas correntes distintas, uma liderada pelos discípulos de Paulo e outra pelos seguidores dos apóstolos de Cristo. Quando o cristianismo tornou-se a religião oficial do Império Romano, a corrente paulina saiu-se vitoriosa. “As idéias de Paulo, afáveis aos dominadores, foram definitivamente incorporadas à doutrina cristã”, diz Fernando.

Para os críticos de Paulo, um exemplo dessa “afabilidade” está presente na Epístola aos Romanos. “Cada um se submeta às autoridades constituídas, pois não há autoridade que não venha de Deus, e as que existem foram estabelecidas por Deus. Aquele que se revolta contra a autoridade opõe-se à ordem estabelecida por Deus”, escreve Paulo. E continua: “É também por isso que pagais impostos, pois os que governam são servidores de Deus”. “Essa passagem revela que ele estava a serviço das autoridades romanas. Jesus, por sua vez, se insurgia contra as leis de Estado”, afirma Fernando. Para os defensores de Paulo, esse texto foi tirado de seu contexto e tornou-se, ao longo dos séculos, uma teoria metafísica do Estado. “O texto só tinha valor para quem vivia em Roma, onde qualquer movimento de desobediência seria esmagado”, diz o teólogo Pedro Vasconcellos.
Para outros teóricos, deve-se diferenciar a doutrina religiosa paulina das opinões do apóstolo sobre a ordem social. “A teoria de Igreja de Paulo é fundamentada no antiautoritarismo, o que influenciou muito a doutrina protestante. Na sua igreja, a idéia de liberdade é plena, mas quando ela é extrapolada para o meio social, surge o seu conservadorismo”, diz o pastor luterano Milton Schwantes, professor da Universidade Metodista de São Paulo e doutor em literatura bíblica. O sacerdote franciscano Jacir de Freitas Faria, mestre em exegese bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico (PIB), de Roma, comunga da mesma opinião: “Paulo é uma figura basilar do cristianismo, mas não podemos deixar de ser críticos a ele nessa relação com o Império Romano”.

Outro ponto controverso das epístolas paulinas refere-se à defesa que seu autor faz da escravidão. Na Epístola aos Efésios, Paulo é taxativo: “Servos, odedecei, com temor e tremor, em simplicidade de coração, a vossos senhores nesta vida, como a Cristo”. Para os antipaulinos, o apoio dado pelo apóstolo à escravidão tem sido usado pela Igreja ao longo dos séculos para legitimar situações espúrias de dominação e diverge radicalmente da palavra de Cristo, que pregava um mundo livre de opressões. A corrente pró-paulina argumenta, mais uma vez, que é preciso analisar o contexto histórico para entender seus escritos: “Sua falha em condenar a escravidão torna-se compreensível quando sabemos que cerca de 60% da população de qualquer cidade grande daquele tempo era formada por escravos. Toda economia estava estruturada em torno desse fato e, por isso, uma atitude crítica seria incompreensível”, afirma o biblicista Jerome Murphy-O’Connor, de Jerusalém.

O apóstolo dos pagãos também é bombardeado por suas posições a respeito das mulheres. Na carta endereçada à comunidade cristã de Colosso, ele escreve: “Quanto às mulheres, que elas tenham roupas decentes, se enfeitem com pudor e modéstia. (...) Durante a instrução, a mulher conserve o silêncio, com toda submissão. Não permito que a mulher ensine, ou domine o homem”. Suas palavras atraem até hoje a ira das feministas, que o acusam de misoginia. Seus defensores, por outro lado, argumentam que , ao contrário, ele incentivava a participação das mulheres na vida social. “Paulo acreditou firmemente na igualdade entre os sexos e, em suas igrejas, as mulheres exerciam todos os ministérios. Alguns exegetas munidos de preconceito interpretaram erroneamente os textos paulinos”, diz Murphy-O’Connor.

Outro petardo disparado pelos críticos diz respeito à doutrina da salvação defendida por Paulo. “Paulo diz que os pecados são perdoados se a pessoa acreditar que Jesus morreu na cruz por ela. É a doutrina da salvação em que o herói derrama seu sangue e todos são perdoados por causa dele. Enquanto isso, Jesus diz: ‘Eu sou o caminho, a verdade e a vida’. Para Jesus, a salvação será dada àqueles que seguirem seus ensinamentos”, afirma Fernando Travi. Os defensores de Paulo discordam e afirmam que o apóstolo foi mais uma vez mal interpretado.

“Creio que houve uma transformação conservadora da mensagem de Paulo. Temos que libertá-lo das idéias errôneas a seu respeito perpetuadas ao longo dos séculos”, diz Pedro Vasconcellos, da PUC.

Conservador ou radical, fiel ou não a Jesus Cristo, São Paulo foi, sem dúvida, um dos poucos evangelizadores – se não o único – a fazer o cristianismo passar da cultura semita à greco-romana, possibilitando que ela se tornasse uma religião mundial. “Ele criou condições para que povos não-judaicos, ao receberem a mensagem de Deus, fossem inseridos de forma igualitária na comunidade cristã”, afirma o André Chevitarese, da UFRJ. Sem Paulo, considerado por muitos o pai do cristianismo, a história da humanidade teria tomado outro rumo. A Idade Média, marcada pela força da Igreja Católica, ocorreria de outra forma e o mundo em que vivemos seria totalmente diferente. Nada seria como é.

Para saber mais

Na livraria:

Paulo – Biografia Crítica, Jerome Murphy-O·Connor, Edições Loyola, 1996

Introdução a Paulo e suas Cartas, José Bortolini, Paulus, 2001

Paulo Apóstolo: Um Trabalhador que Anuncia o Evangelho, Carlos Mesters, Paulus, 2002

Libertando Paulo: A Justiça de Deus e a Política do Apóstolo, Neil Elliott, Paulus, 1998

Na internet

Paul – The Stranger (livro eletrônico de Edgar Jones sobre a vida de Paulo)

http://www.voiceofjesus.org/b2tableofcontents.html

 

Quem é quem no cristianismo

Conheça os principais personagens da igreja primitiva cristã

O FUNDADOR

Jesus:

Filho de Deus, concebido por Maria, nasceu por volta de 5 a.C. e pregou exclusivamente na Palestina. Morreu na cruz em torno de 30 d.C.

A LINHA DE FRENTE
Pedro:

Era o líder dos 12 apóstolos. Pedro, que negou Jesus por três vezes, foi o primeiro papa da Igreja Católica. Dois livros do Novo Testamento (Primeira e Segunda Epístola de São Pedro) são creditados a ele. Segundo a tradição cristã, foi crucificado e morto por volta de 64 d.C. em Roma

Os apóstolos:

Além de Pedro, o grupo dos 12 apóstolos que conviveram com Jesus era formado pelos evangelistas João e Mateus, por André, irmão de Pedro, Bartolomeu, Filipe, Tomé, Tiago Maior, irmão mais velho de João, Simão, Tiago Menor e seu irmão Judas Tadeu e Judas Iscariotes. Depois da traição de Iscariotes, Matias, que havia convivido com Jesus, tomou seu lugar e passou a ser considerado do time dos 12 apóstolos

Tiago:

Identificado na Bíblia como o irmão de Jesus, é o principal líder da comunidade cristã de Jerusalém. Escreveu uma das cartas do Novo Testamento (Epístola de São Tiago). Segundo os historiadores, foi apedrejado até a morte pelos judeus por volta do ano 62 d.C.

OS EVANGELISTAS

Mateus:

Apóstolo de Cristo, é considerado o autor do primeiro dos quatro evangelhos, escrito por volta de 80 d.C., 50 anos depois da morte de Jesus. Antes de sua conversão ao cristianismo, Mateus exercia a função de coletor de impostos

João:

O mais jovem dos apóstolos escreveu o quarto evangelho. Era considerado o discípulo amado de Jesus e foi o único dos 12 apóstolos que não o abandonou na hora de sua morte. No Novo Testamento, é autor também de três epístolas e do Apocalipse

Marcos:

Também chamado de João Marcos, foi autor do segundo evangelho, escrito em Roma pouco antes do ano 60 da Era Cristã. Ele não chegou a conhecer pessoalmente Cristo e, segundo estudiosos, escreveu o evangelho a partir de informações de Pedro

Lucas:

Autor do terceiro evangelho e dos Atos dos Apóstolos, não conviveu com Jesus. Nasceu pagão e pouco se sabe sobre sua vida pessoal e conversão ao cristianismo. Muito ligado a Paulo, é identificado por este como médico

O MISSIONÁRIO
Paulo:

Um dos mais influentes personagens dos primeiros anos do cristianismo, não chegou a conhecer Jesus. Nasceu em torno de 6 d.C. e converteu-se ao cristianismo quando tinha cerca de 28 anos. Viajou por quase todo o Império Romano disseminando a palavra de Cristo e morreu decapitado por volta de 67 d.C., em Roma

GRUPO DAS MULHERES

Sabe-se muito pouco sobre o que elas fizeram, mas os estudiosos concordam que Maria Madalena, Maria de Cleófas, Marta e Joana, entre outras, tiveram um papel importante na origem do cristianismo. Nesse time, cabe destacar o papel de Maria Madalena, que é citada nos evangelhos nas passagens da crucificação e da ressurreição de Jesus

Paulo, no tempo e no espaço

O apóstolo dos gentios fez quatro viagens missionárias: conheça o percurso de cada uma delas

Tarso:

Terra natal de Paulo, era um dos mais importantes núcleos do Império Romano na Ásia. Ficava na fronteira do Ocidente e do Oriente e tinha um ar cosmopolita e multicultural

Jerusalém:

Principal centro do cristianismo, foi onde Paulo recebeu sua educação religiosa, na escola de Gamaliel. A cidade também foi sede do Concílio Apostólico (49), que liberou os neocristãos advindos do paganismo da circuncisão

Damasco:

Cidade na Síria para onde Paulo se dirigia quando teve uma visão de Jesus e converteu-se como um de seus mais ardorosos discípulos

Antióquia da Síria:

Depois de Jerusalém, foi aqui que surgiu a mais importante comunidade cristã da Antiguidade. A igreja de Antióquia era formada principalmente por pagãos convertidos, ao contrário de Jerusalém, composta quase exclusivamente por cristãos-judeus

Cesaréia:

Paulo permaneceu encarcerado nessa cidade durante dois anos, entre 58 e 60, depois que foi preso na praça do Templo, em Jerusalém. Em seguida, foi levado para Roma

Chipre:

Primeira parada de Paulo em sua viagem missionária inaugural, em 46. Era a terra natal de Barnabé, aparentemente o líder da jornada

Éfeso:

O apóstolo passou mais de dois anos em Éfeso, grande centro cultural e comercial da Ásia. Foi uma estadia mais longa do que o habitual. Provavelmente ele esteve preso por algum tempo na cidade

Filipos:

Primeira grande cidade do continente europeu visitada por Paulo, em sua segunda viagem missionária, que durou de 49 a 52. Aqui nasce a primeira comunidade cristã da Europa

Tessalônica:

Principal localidade da Macedônia, tinha uma população formada por gregos, romanos, judeus e orientais. Paulo fundou uma importante igreja no local

Atenas:

Capital cultural do mundo grego, foi visitada por Paulo durante sua segunda jornada de peregrinação. Sua pregação na cidade não foi bem recebida

Corinto:

Paulo viveu por 18 meses na cidade (do inverno de 50 ao verão de 52), que abrigava uma população de 500 mil habitantes. Foi aqui que ele escreveu a Primeira Epístola aos Tessalonicenses, considerada o mais antigo livro do Novo Testamento

Roma:

Paulo chegou preso a Roma em 60. Ficou na cidade cerca de dois anos, em prisão domiciliar. Depois de solto, deve ter ido à Espanha. Retornou à capital do império em 67, quando foi novamente preso e decapitado

Ano a ano, a vida dos apóstolo

Cerca de 5 ou 6 d.C.

Nasce em Tarso, importante cidade da Ásia Menor

20

Muda para Jerusalém para estudar na escola do rabino Gamaliel

34

Converte-se ao cristianismo

37

 

Faz suas primeiras pregações em Damasco. Volta a Jerusalém como cristão, mas, perseguido pelos judeus, foge para Tarso

 

37 a 45

 

Permanece em Tarso

 

45

 

Visita, a convite de Barnabé, a igreja da Antióquia, a segunda mais importante para os cristãos depois da de Jerusalém

 

46 a 48

 

Faz sua primeira viagem apostólica em companhia de Barnabé e Marcos

 

49

 

Participa do Concílio Apostólico de Jerusalém

 

49 a 52

 

Faz a segunda viagem apostólica, agora com Timóteo e Lucas

 

53 a 57

 

Faz a terceira viagem apostólica. Permanece quase três anos em Éfeso

 

57

 

É preso pelos romanos em Jerusalém

 

60

 

É enviado como prisioneiro a Roma

 

63

 

É solto por falta de provas. Parte em uma missão infrutífera à Espanha

 

Cerca de 67

Retorna a Roma e é preso mais uma vez. É executado por degolamento

 

 

Pregação controversa

 

As supostas contradições entre os ensinamentos de Cristo e de Paulo

 

Sobre A obediência ao Estado

 

O que Cristo teria dito: “Cuidarei e protegerei o fraco e aqueles que são oprimidos e todas as criaturas que sofrem injustiça.” Evangelho dos 12 Santos, Ensinamento 46:18*

 

O que Paulo disse: “Cada um se submeta às autoridades constituídas, pois não há autoridade que não venha de Deus, e as que existem foram estabelecidas por Ele.” Epístola aos Romanos, 13:1-3

 

Sobre a escravidão

 

O que Cristo teria dito: “Protegereis o fraco (...) Deus mandou-me ajudar os quebrantados, para proclamar a liberdade dos cativos.” Evangelho dos 12 Santos, Ensinamento 13:2

 

O que Paulo disse: “Servos, odedecei, com temor e tremor, em simplicidade de coração, a vossos senhores nesta vida, como a Cristo; servindo-os, não quando vigiados, para agradar a homens, mas como servos de Cristo, que põem a alma em atender à vontade de Deus.” Epístola aos Efésios, 6:5-6

 

Sobre a submissão feminina

 

O que Cristo teria dito: “Em Deus, o masculino não é sem o feminino, nem o feminino sem o masculino (...) Deus criou a espécie humana na divina imagem macho e fêmea (...) Assim, devem os nomes do Pai e da Mãe ser igualmente reverenciados.” Evangelho dos 12 Santos, Ensinamento 52:10

 

O que Paulo disse: “Sede submissos uns aos outros no temor de Cristo. As mulheres o sejam a seus maridos, como ao Senhor, porque o homem é cabeça da mulher, como Cristo é cabeça da Igreja e o salvador do Corpo.” Epístola aos Efésios, 5:21-23

 

Sobre o doutrina da salvação

 

O que Cristo teria dito: “Mas eis que um maior que Moisés está aqui, e Ele vos dará a mais alta Lei, ainda a perfeita Lei, e esta Lei obedecerás. (...) Aqueles que acreditam e obedecem salvarão suas almas, e aqueles que não obedecem as perderão. Pois digo a vós, a não ser que vossa justiça sobrepuje a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino do Céu.” Evangelho dos 12 Santos, Ensinamento 25:10

 

O que Paulo disse: “Se com tua boca confessares Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. ” Epístola aos Romanos, 10:9

* O Evangelho dos 12 Santos é um texto apócrifo do início do cristianismo, supostamente escrito pelos 12 apóstolos. Ele não é reconhecido pela Igreja.