23.9.09

Não fui culto e acabei numa roda de candomblé


Sempre tive medo de “macumbeiro”, com todo respeito -, mas fui treinado assim:
A vê-los como seres dominados por vontades demoníacas!
Tanto que retrato em “Prólogos de uma vida adulta” a história de um menino que tinha medo de “macumbeiro” e resolve desafiar o diabo;
Ao longo de toda minha vida encontro com eles - professores, chefes, amigos, namoradas, inimigos, indiferentes... Enfim, aqui é o Brasil – minha família do lado paterno; baiana, então, inevitável contato.
Na minha graduação de musicoterapia, volta e meia nossas aulas acabavam com canções e danças da cultura brasileira; que no meu catecismo presbiteriano, ou seja, europeu, mas lembrava canções que ouvia no terreiro do Carlinhos perto da casa de minha vó quando criança, que, aliás - quase me matava de tanto medo.
Um dos desejos de minha esposa era assistir um show do Barbatuque - algo da mais pura criatividade brasileira; ela me disse ao pé do ouvido, algo que pensei:
- Dá para sentir até a presença de Deus;
Muito criativo - se não o conhece, vale muito apena! Uma orquestra corporal com música puramente brasileira.
Nossa cultura cristã está totalmente europeizada, ou americanizada; utilizamos referencias gregas - estórias da mitologia e ignoramos as estórias africanas e brasileiras! O fato é que não vejo no cristianismo, criatividade parecida com a do Barbatuque!
Dias desses fiz um curso com Steve Jobs – Cristianismo Criativo – a proposta era imaginar toda arte feita por cristãos; novela, teatro, música, enfim tudo... Conclusão do curso:
- Impossível – somos preconceituosos demais.
Bom... De quebra vimos A Barca e Chico Saraiva!
Os mais famosos entre nós, fazem canções pobres e com letras muito óbvias;
Na minha conclusão de curso de musicoterapia resolvi estudar os rituais religiosos e a influência da música nas manifestações espirituais, com isso; fui obrigado a vencer meu medo – meus preconceitos, enfim, fui a todo o tipo de culto, Rosa Cruz, Santo Daime e até por último no terreiro de umbanda.
Entendi as danças, as brincadeiras e todo o ritual – acabei estudando o homossexualismo e a identidade sonora dos transexuais, por achar chato o caminho de minha dissertação!
Bom; toda esta volta é para dizer que na minha ignorância e depois de vislumbrar toda criatividade e até pensar em Deus, onde num domingo; dia de culto de santa ceia em nossa comunidade o show mencionado acabou numa grande roda de candomblé – os intelectuais paulistanos todos brincando, e cantando:
Quem não pode com mandinga não carrega patuá...