5.8.14

MEUS Pais"


 - Aos Meus Pais –

No comércio dizem que não é uma data boa, não vende tanto! Perdi a relação com meu pai biológico muito cedo – ele morreu eu tinha no máximo 7! Sem crise! A pretensão deste texto – não é dizer quão ingrata é a vida... Desde sempre compreendi a família dada por Deus com grande prazer não sentindo falta de nada.

Com isso saquei que paternidade é uma relação que extrapola o núcleo básico familiar. Além do pai biológico, em nossa história recebemos influência de tantas outras pessoas que acabam assumindo, em um ou outro aspecto, a importância de um pai em nosso desenvolvimento. A própria Bíblia prevê uma relativização dos vínculos familiares quando faz afirmações do tipo “há amigos mais chegados que irmãos”, ou quando registra palavras em que Jesus afirma que sua família, pai, mãe e irmãos, são aqueles que fazem a vontade de Seu Pai, colocando-se assim como irmão dos homens. Ou quando o apóstolo Paulo chama seus seguidores de “filhos na fé”. Há proteção e apoio, instrução e prestação de contas, que espontaneamente se tornam ingredientes para a caracterização de uma relação entre pai e filho. (Quero sugerir apenas um texto para leitura da semana – Lucas 15.11-31)

Confesso minha falta de compreensão diante de amigas que admiram tanto os pais que nem percebem a projeção de seus namorados, maridos neles... isso me irritava muito!

Logo, segue meu rascunho de como experimentei e pretendo a paternidade:

1. Pai ensina valores e não comportamentos – Quando o pai da história permite que o filho se vá, entende que os valores plantados em seu coração serão capazes, e somente eles, de trazerem o filho de volta.

2. Pai deixa o filho amadurecer – Deixar o filho ir requer confiança de que os valores foram plantados. Todo filho precisa ir para amadurecer, decidir por si próprio e assumir seus riscos. Amadurecer é vencer as etapas iniciais da vida, a infância e a adolescência. Ambas se alimentam de mitos e são transição.

Na infância é o mito do pai-herói, quando o filho vê no pai a perfeição. Também o mundo que o rodeia, e que recebe interferência direta do pai, é perfeito. Mas como isso não é verdade, ou seja, como nem o mundo e nem o pai são perfeitos, quando o filho se depara com a imperfeição, ele é envolvido pelo mito da adolescência, o mito do anti-herói, da imperfeição plena, do caos. Nada é bom, tudo precisa ser mudado, há um desejo incontrolável de ser o oposto e de construir um mundo oposto ao que existe, na intenção de voltar a experimentar o mito da perfeição.

O pai deixa de ser o referencial e muitas vezes passa a ser oposição. Naturalmente que a transição da adolescência, quando nada serve, é a idade adulta, que é a adequação do ser à realidade e ao ambiente, é quando acabam os mitos e quando há aceitação da realidade.

Deixar o filho amadurecer é ajudá-lo a transpor estas fases mitológicas. Quando criança o filho precisa saber que o pai não é perfeito pelo próprio pai, para que quando ele se der conta de suas imperfeições, se lembre também de que o pai já havia avisado e que portanto, mesmo não sendo perfeito, ainda é digno de confiança. Tais atitudes prevêm que quando o filho transpuser suas fases, e mesmo que nesse processo ele se distancie, ele volta pra casa.

Como sei disso? Como tios preencheram esta lacuna – eles tinha liberdade de se mostrarem imperfeitos...

No texto proposto - quando o filho mais velho chega em casa e confronta o pai sobre a vida irresponsável que o filho mais novo viveu, ele demonstra saber o que o seu irmão fez enquanto estava longe. Concluiu-se que somente sabiam o que o mais novo fez, porque o pai se manteve informado de todos os passos do filho que se foi. Ele o acompanhou.

Ao mesmo tempo, acompanhar o filho não quer dizer pagar as contas de suas decisões, o filho precisa assumir seus próprios erros, precisa experimentar as consequências de suas escolhas, mesmo que saiba que quando precisar, pode voltar pra casa do pai.

3. Pai celebra a maturidade do filho – quando o filho vive cada fase adequadamente e se torna maduro, encontra no pai um amigo do outro lado da vida. O pai que agora é amigo, marca o relacionamento com celebração da vitória. Há pais que aguardam que os filhos errem para poderem dizer que tinham razão quando diziam que os filhos “não iriam dar em nada”, que erraram ao escolherem por si só e não seguiram os conselhos deles. Pai não aponta os erros do passado como argumento de sua razão, mas celebra a vitória, apesar dos erros dos filhos. Pai se alegra em ver no filho um companheiro, que porque amadureceu, pode agora dividir experiência, aconselhar também, formar uma amizade adulta.

Por isso hoje caminho passos destes que sem saber ou não me inspiraram e inspiram!

O pai da história celebra uma festa com o filho como se fosse seu amigo, o filho mais velho reclama não ter feito festa com seus amigos, festas como esta, que o pai agora celebra com o seu filho mais novo, como um amigo que ele acompanhou amadurecer, que sofreu com os erros e esperou, com fé e paciência, que voltasse pra casa.

4. Pai sabe que o melhor que tem pra oferecer é a si mesmo – Uma das maiores pressões que os pais modernos sofrem é a da provisão de sua casa e a da satisfação dos desejos dos filhos. Tantos os pais, quanto os filhos, são atacados pela sociedade de consumo que determina que a felicidade se alcança com bens de consumo ou com sensações prazerosas. Mas o pai é aquele tem consciência de que o bem maior que pode oferecer aos filhos não é comprado com seu dinheiro, mas transmitido pelo seu envolvimento. Melhor do que trabalhar para a família é trabalhar para poder viver com a família. Melhor do que dar de tudo aos filhos, é dar de si aos filhos. Melhor do que a tecnologia é a presença.

Minha sorte – tio Jairo inspirou a profissão e reconhecer a felicidade – tio Daniel a inquietação – tio Dirceu determinação e primeiros acordes – tio Elias gratidão!

O irmão mais velho reclama do pai que esteve com ele sempre e que não festejou com os amigos, demonstrando que seus valores são errados. O pai, consciente de que o melhor que tem é o que ele é, responde que o filho mais velho esteve sempre com ele.

Pai é presente, vê o crescimento dos filhos, se envolve, planeja investir mais tempo e presença nas fases dos mitos a fim de que na fase madura mantenha uma relação de amizade. (Aqui vai a observação ao brother Henrique André – Pai do GRANDE MARCELO HENRIQUE também já pai).  

Qualquer um é pai, em qualquer relacionamento que se caracterize como um ambiente de proteção, apoio e desenvolvimento. Neste sentido – vou colocar presbítero Clóvis, Reverendo Jairo Augusto, Reinaldo João, Marcos Arruda – Rafael Rodrigues – Antonio João Fernandes – Velho Manuel!

E óbvio – Sr. EPITÁCIO!!!  

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