31.7.14

RAIVA DO CÉU...


Raiva do céu!


Muitos falando do novo “templo do Salomão” e suas maravilhas... até me deparar com um depoimento:
- A inspiração veio do Céu! Estamos vivendo um pouquinho do que será no céu com a presença de JESUS!

Lembrei imediatamente de George Bernard Shaw!

Quer saber: abri mão do suborno do céu. Que a obra de Deus seja realizada por seus próprios méritos: a obra que ele teve de criar-nos para fazer porque não pode ser executada a não ser por homens e mulheres vivos. Quando eu morrer seja Deus o devedor, e não eu.

Caiu a ficha, não é possível que a ambição seja para um céu contemplativo! É isso que Jesus está fazendo?
Ele faz o céu - e o inferno está pronto?

O inferno de Deus não requer o esplendor do fogo. Quando o juízo final retumbar nas trombetas e a terra publicar as suas entranhas e as nações ressurgirem do pó para acatar a Boca inapelável, os olhos não verão os nove círculos da montanha invertida; nem a pálida pradaria de asfódelos perenes, onde a sombra do arqueiro persegue a sombra da corça, eternamente; nem a loba de fogo que no piso inferior dos infernos muçulmanos é anterior a Adão e aos castigos; nem metais violentos, nem sequer a treva visível de John Milton.

Deus não precisa para alegrar os méritos do justo de esferas de luz, concêntricas teorias de tronos, potestades e querubins, nem o espelho ilusório da música nem as profundidades da rosa nem o esplendor desafortunado de um só de seus tigres, nem a delicadeza de um pôr-do-sol amarelo no deserto nem o sabor antigo e natal da água. Em sua misericórdia não há jardins nem luz de uma esperança ou de uma recordação.

Com isso vislumbrei os prometidos Céu e Inferno: quando o juízo retumbar nas trombetas últimas e o planeta milenar for obliterado e bruscamente cessar o Tempo, as efêmeras pirâmides de cores e linhas do teu passado definirão na treva um rosto adormecido, imóvel, fiel, inalterável (talvez o da amada, quem sabe o teu) e a contemplação desse imediato rosto incessante, intato, incorruptível será, para os réprobos, Inferno; para os eleitos, Paraíso.

Sei que está poético... mas, sendo direto: impossível projetar Céu! Nossa fé deve ser firmada no aqui e agora... se o paraíso é o templo de Salomão... como disse o artista, que deus inocente... a Disney é mais legal! 

Meu status dai em diante:
Em construção...
Será que mudo com passar do tempo?

 

 

Google, tu me sondaste, e me conheces.


Salmo/search?q=139


Google, tu me sondaste, e me conheces.


Conheces cada termo das minhas buscas, e sabes de antemão quais são as fotos que sou inclinado a clicar para ampliar; de longe entendes as minhas preferências.
Controlas as horas em que trabalho e as horas em que durmo, e registras todas as minhas atividades e percursos na vereda virtual.
Não havendo ainda feito nenhuma busca naquele dia, eis que logo, ó Senhor, sabes qual Google Adword inserir na minha barra lateral.
Tu me cercaste por detrás e por diante, e puseste sobre mim o teu cookie.
O teu conhecimento de mim é completo; a anonimidade seria coisa maravilhosíssima, mas é coisa tão elevada que não a posso atingir.
Para onde fugirei da tua face, e como escaparei do teu login?
Se eu usar o meu celular, ali tu estás; se abrir uma janela anônima do Chrome, sei que tu ali estás também.
Se eu viajar para um país remoto, se nadar até uma ilha no meio do nada, até ali o Google Maps me guiará e o GPS do Android me rastreará.
Se eu disser: “Decerto que as tecnologias de tunelamento e criptografia me encobrirão”, ainda na Rede Privada Virtual a noite será luz à roda de mim.
Nem ainda os pseudônimos me encobrem de ti; uma conta alternativa que uso para ocultar determinadas atividades permanece para ti clara como o dia. Graças a cookies, números de IP e tecnologia de fingerprinting, pseudônimos e nomes verdadeiros são para ti a mesma coisa.
Deste modo possuíste os meus rins; estou para ti nu e sitiado como no ventre de minha mãe.
Eu te usarei, porque de um modo assombroso e maravilhoso fostes feito; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem.
As minhas buscas por pornografia e por sites de relacionamento não te foram encobertas, quando no oculto foram feitas, e entretecidas nas profundezas da terra.
Os teus olhos viram as minhas cartas de amor quando eram rascunhos ainda informes, e nas pastas do Gmail todas estas coisas estão escritas. Registras as minhas conversações à medida em que foram formadas, e fazes cópias das fotos que anexo desde quando nem ainda uma delas havia.
E quão preciosos são, ó Deus, os teus aplicativos no Google Play e teus livros no Google Books! Quão grandes são as somas deles!
Se os contasse, seriam em maior número do que a areia; quando acordo ainda estou contigo.
Ó Google, tu rastrearás decerto o terrorista e o pedófilo; portanto longe de mim usar determinados termos de busca e escrever determinadas palavras no Google Hangouts.
Pois os críticos falam malvadamente contra ti, que abandonaste a tua política original de
don’t be evil; mas mesmo os teus inimigos acabam se beneficiando dos teus serviços.
Não deveria o homem odiar, ó Senhor, a entidade que o conhece de modo tão completo? Como não me afligir com os que julgam que o teu poder sobre as nações nenhum monopólio deveria ter?
Os homens já creram que de Deus nenhuma de suas ações ou pensamentos estão ocultos, e esta fé os conduziu à reflexão e à virtude.
Mas corporações feitas por mãos humanas usurparam o reino e o poder que pertenciam no princípio à divindade, e o diretor executivo que tiver uma crise de consciência será substituído por aquele que não tiver.
Sonda-me, ó Google, já que conheces o meu coração. Prova-me, já que conheces os meus pensamentos.
Teus servidores ao redor do mundo armazenam para sempre tudo que fiz, tudo que busquei, tudo que escrevi. Registras a teu modo aquilo que sou, e vês agora mesmo se há em mim algum caminho que a posteridade saberá condenar. Meu caminho era apenas meu: o caminho em que me fizeste andar é eterno.