A Menina dos Olhos na Cidade sem Muros
Hoje (28.08)
fazem 37 anos da morte do meu pai. Poderia ser uma data
fúnebre, mas não é: é um marco do amor de Deus sobre mim. Naquele dia, aos sete
anos de idade, em meio à dor, o que ficou guardado não foi apenas a ausência,
mas também as gargalhadas que dei com meu amigo André Nascimento. Ironia sagrada:
enquanto ele ajudava a levantar um muro de proteção a pedido do meu pai, o riso
nos mostrava que já havia uma outra cidade preparada — uma cidade sem muros,
a cidade do riso de Deus. Ali ecoa a promessa:
“E eu mesmo serei para ela um muro de fogo em redor, diz o Senhor, e eu
mesmo serei no meio dela a sua glória”
(Zacarias 2.5).
Minha mãe, com fé, me deixou nessa cidade invisível. Ali, aprendi que
fragilidade não é desproteção. Foi nesse espaço aberto que toquei instrumentos
sem mestres, inventando música com os dedos. Depois vieram a ULM, Itamar
Collaço, a musicoterapia, e cada nota parecia confirmar: o improviso de ontem é
melodia hoje.
Na cidade sem muros, estudei línguas, caminhei pela publicidade, fui
poupado de violências e assédios que rondavam meu bairro. Vi cair aqueles que
confiavam em armas ou no abuso de poder — Guidão, Índio —, mas sobre mim
repousava uma guarda silenciosa, como se o próprio Deus dissesse:
“Porque aquele que tocar em vós, toca na menina do seu olho” (Zacarias 2.8).
Hoje entendo: a cidade sem muros não é teoria, é experiência. É
gargalhada em meio à dor, é proteção no improviso, é vida preservada quando
tudo poderia desandar. É o espaço em que descobri que o olhar de Deus me
sustentava quando não havia muralhas.
E agora, mais do que protegido, quero ser participante. Quero viver e
construir o Reino. Se fui guardado, é para guardar; se fui poupado, é para
semear vida.
Por isso, eu te convido: venha confiar e desfrutar da cidade sem
muros. Não é uma utopia; é a realidade do povo que sabe que Deus mesmo se
coloca como seu protetor. Ele é muralha de fogo, é glória no meio, é aquele que
fala com seus anjos em favor do seu povo:
“Eis que o anjo que falava comigo saiu, e outro anjo lhe saiu ao
encontro” (Zacarias 2.3).
E a certeza final é esta:
“Eis que levantarei a minha mão sobre eles, e eles servirão de despojo
aos que os serviram; assim sabereis que o Senhor dos Exércitos é quem me
enviou” (Zacarias 2.9).
Na cidade sem muros, não estamos desamparados: somos cuidados pelo
Senhor dos Exércitos, que nos chama de sua própria menina dos olhos.
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